Lembranças dos tempos em que jornais e revistas eram feitos nas saudosas oficinas tipográficas - Editor: Darci Fonseca

1 de dez. de 2014

HAMILTON SARAIVA, PROFESSOR DA ESCOLA SENAI, GUARDA-CIVIL E ATOR DE FILMES DE MAZZAROPI


Odetto Guersoni
Quem foi aluno da Escola Senai de Artes Gráficas no final dos anos 50 e início dos anos 60 certamente se lembra dos dois professores de Desenho. Um deles era Odetto Guersoni, gravador, pintor, desenhista, ilustrador e escultor. As obras de Guersoni estão espalhadas por museus e acervos do mundo todo. O outro professor era também bastante eclético, acumulando atividades diversas entre si. Seu nome era Hamilton Saraiva e muitas vezes ministrava suas aulas trajando farda de guarda-civil pois ele era sargento dessa corporação de elite da cidade de São Paulo. Não confundir a antiga Guarda Civil de São Paulo com a atual Guarda Civil Metropolitana criada pelo então prefeito Jânio Quadros nos anos 80. Além dessas duas ocupações – Professor de Desenho da Escola Senai e Guarda-Civil – o Professor Hamilton tinha uma terceira atividade que ele não comentava, mas que era de conhecimento público. Pelo menos para quem assistia aos filmes de Amacio Mazzaropi.

"Chofer de Praça", primeiro dos seis filmes de Mazzaropi em que apareceu
o ator Hamilton Saraiva.

Os filmes de Mazzaropi eram lançados sempre no Cine Art-Palácio, na Avenida São João, com filas enormes para se divertir com o inesquecível caipira do cinema nacional. Foi em 1960, ao assistir “Jeca Tatu” naquele cinema, ao lado de alguns amigos, que surpreso reconheci meu professor Hamilton, escondido atrás de um bigode falso, num pequeno papel de dono de um armazém. Quando o encontrei no Senai ele confirmou que era ele mesmo e a descoberta logo se espalhou pela escola toda, o que em nada alterou o comportamento do Professor Hamilton. Sério, exigente e também paciente com os alunos, ver o Professor Hamilton sorrir era um fato raro. Mas depois da revelação ele sempre esboçava um sorriso de cumplicidade quando encontrava com os alunos. O grande sucesso de “Jeca Tatu”, maior ainda que as formidáveis bilheterias dos filmes anteriores, levou Mazzaropi a realizar um segundo filme em 1960. Outro personagem da cultura popular foi utilizado e o filme foi intitulado “As Aventuras de Pedro Malasartes”. Qualquer aluno do Senai, mesmo aqueles que não tinham aulas com o Professor Hamilton gostavam de contar que seu professor era artista de cinema.

Hamilton Saraiva contracenando com Mazzaropi em "Jeca Tatu". Entre as compras
feitas por Mazzaropi no armazém de Hamilton Saraiva pode ser visto um
frasco do Biotônico Fontoura, fortificante que praticamente todos que foram criança
na primeira metade do século passado um dia tomaram.

No ano seguinte, em 1961, o Professor Hamilton foi visto em “Zé do Periquito” e assistir aos filmes de Mazzaropi tornou-se obrigatório, não só para rir com os tipos criados pelo grande cômico, mas também para ver em cena o Professor Hamilton. Mesmo após haver concluído o curso no Senai os alunos formados em 1961 viram o talentoso professor em “O Vendedor de Linguiça” (1962) e em “Casinha Pequenina” (1963), este filme colorido. Seguiu-se então a decepção com os filmes seguintes de Mazzaropi nos quais não mais estava presente nosso Professor Hamilton. Sabe-se lá porque razão, ele não voltou mais a atuar nas produções da PAM (Produtora Amacio Mazzaropi), infelizmente.

Hamilton Saraiva com um bigode feito a mão em cenas de "Pedro Malasartes".

Os filmes de Mazzaropi nunca saíram de circulação, sendo reprisados constantemente pelos canais Brasil e Cultura, além de terem sido lançados em fitas VHS nos anos 80 e posteriormente em DVD. E cada exibição desses filmes é uma oportunidade para relembrar esse querido professor e por tabela de colegas daqueles memoráveis anos passados na Rua Muniz de Souza número 2, na Escola de Artes Gráficas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI. Tempos dos instrutores de Linotipo Alfeu e Adão. Tempos dos professores Jacó, Célio, Zezinho; do diretor Carlos Moneta. Tempos de colegas como Roger Vincent Fildimaque, Edgar Carnevalli, João Simara Marins, José Hamilton Aissum, Décio Fogagnolli, Dilson Mezzetti Costa, Charlô da Cruz Leite, Raul de Marco, Wanderlei Vera Mandelli, Benjamim Fernandes... Melhor parar pois a lista é longa demais.

Bravo como era durante as aulas vemos Hamilton Saraiva
numa cena de "Zé do Periquito".

Novamente fardado vemos Hamilton Saraiva contracenando com Roberto Duval,
Maximira Figueiredo, David Netto, Mazzaropi e Carlos Garcia. Na outra foto
Duval, Garci, Mazzaropi e Hamilton Saraiva. O filme é "O Vendedor de Linguiça".

O primeiro filme em cores de Mazzaropi foi "Casinha pequenina", que teve a
última participação de Hamilton Saraiva em filmes do grande cômico.
O ator que aparece na foto com Hamilton é Luiz Gustavo, famoso protagonista
da novela "Beto Rockfeller" e até hoje atuando na Rede Globo..

26 de out. de 2014

“A MARCHA DO BORDERÔ” – AQUINO E SEU BOM HUMOR CONTRA O ATRASO NO PAGAMENTO


Em pequenas e mesmo grandes empresas do ramo gráfico nos anos 50, 60, 70 e 80 era comum atrasar o pagamento. Quando chegava o dia dez, não raro os patrões acenavam com um valezinho e pediam paciência aos funcionários, isto é, quando pediam pois em certas firmas o ‘anormal’ virava normalidade. Um dos campeões desse desrespeito era a empresa Diários Associados, pertencente a Assis Chateaubriand e que tinha Edmundo Monteiro como principal diretor. Os funcionários desse conglomerado de comunicação composto por jornais, emissoras de rádio e televisão tinham que ‘dançar miudinho’ e se virar para pagar suas contas. Três meses de atraso no salário era comum nos Diários Associados e para sobreviver muitos dos trabalhadores mantinham um segundo emprego no qual recebiam em dia. Inocêncio Ramblas Filho e Mário Dias, ambos da equipe de manutenção das máquinas Linotipo, eram dois exemplo de empregados do Diários Associados que viviam essa difícil situação.

À esquerda Assis Chateaubriand, o dono dos Diários Associados;
no centro Mário Dias e à direita Inocêncio Ramblas Filho, dois dos
muitos funcionários que ficavam meses sem receber naquela empresa.

Aquino
Porém nem todos os funcionários se desesperavam com a rotina de atrasos de pagamento e esse era o caso de um linotipista da Linotipadora Artestilo. Nessa pequena empresa de aproximadamente 25 funcionários, situada no bairro do Brás em São Paulo, nenhum gráfico contava receber seu salário no dia dez. Obviamente nenhum deles ficava satisfeito com as explicações dos patrões que inventavam os mais esdrúxulos argumentos para justificar os atrasos. O linotipista Aquino era um dos que ‘recebiam um limão dos patrões e com ele fazia uma limonada’. Aquino era apelidado de ‘Vô’ porque apesar de ter menos de 40 anos já era avô e talvez esse fato fosse uma das razões do seu constante bom humor. Aquino gostava de samba, tocava pandeiro e até compunha músicas.

Em qualquer roda de samba na Linotipadora Artestilo lá estava o 'Vô' (Aquino com
seu pandeiro, como na foto à esquerda em que está com Pìmentinha e Quarentinha.
na foto à direita Aquino entre o linotipista Profeta e o paginador Sola.

Em fevereiro de 1980 havia chegado o dia de pagamento, uma segunda-feira dia 11. O clima entre os funcionários da Linotipadora Artestilo era de tristeza pois já sabiam que o açougue, a quitanda, o armazém e o aluguel teriam de esperar alguns dias mais. No mês anterior os patrões haviam atribuído o atraso no pagamento ao ‘borderô do banco’. Novidade absoluta em termos de justificativa e claro que ninguém entendeu essa nova e criativa desculpa. Para dar um ar mais trágico ao novo atraso, chegava a semana de Carnaval e imperava na linotipadora um ambiente de velório. Hora do almoço, o pessoal reunido sussurrando homenagens às mães dos quatro patrões e eis então que chega, sorridente como sempre, o simpático Aquino. Com seu pandeiro e um pequeno papel na mão o ‘Vô’ foi dizendo: “Turma, fiz uma marcha para ser cantada no Carnaval...” Os sorrisos começaram a tomar conta dos rostos de todos pois sabia-se que Aquino era compositor bastante inspirado. A surpresa foi grande quando o alegre linotipista anunciou o título de sua marchinha carnavalesca: “A Marcha do Borderô”. Ouviu-se em uníssono uma estrondosa gargalhada que fez com que até os patrões colocassem as cabeças para fora do mezzanino onde funcionava o escritório. Como era hora de almoço os gráficos tinham liberdade até para cantar e Aquino, acompanhando-se ao pandeiro, mostrou “A Marcha do Borderô”:

           Atrasada em seus compromissos
          Consequência da situação ruim
          Como sofre a pequena empresa
          Para os empregados é o fim...

                     Desesperados
                    Os patrões dão um alô – ôô-ôô
                    O culpado disso tudo
                    É o borderô

           Leve um valinho
          Uma quina, um barão
          Dar tudo agora
          Nós não temos condição

          Dar tudo agora, nós não temos condição...

Desnecessário dizer que “A Marcha do Borderô” virou um sucesso na Artestilo e durante aquele Carnaval de 1980 não se cantava outra marchinha, a não ser a composta pelo Aquino.


Aquino era bom de samba, mas nem tanto bom de bola. Mesmo assim aparece na
foto como capitão entregando flores ao capitão adversário, Pimentinha; aparecem
ainda João Batista Rigo, Clemente Macchio e Valentim Rigamont. Na foto à
direita Aquino ao lado de Hortêncio Giribola e Liberato, por ocasião de partida
entre Linotipo X Paginação em congraçamento da Linotipadora Artestilo.

3 de set. de 2014

EM 1970, OS PRIMEIROS AUTOMÓVEIS DE TRÊS LINOTIPISTAS

Os linotipistas Eduardo José da Fonseca, José Darci Fonseca Lima e Gerson Coelho
da Rocha, contemplados com Volkswagen 1300 Zero Km. O primeiro automóvel de
Eduardo era bege, o de Darci branco lótus e o de Gerson azul, como os modelos
acima. O azul foi jocosamente apelidado de 'azul calcinha'.

A indústria automobilística brasileira começou a produzir veículos no final dos anos 50. Na década seguinte teve início de forma bastante lenta a popularização da aquisição de automóveis pelos trabalhadores. Em meados dos anos 60 foram criados consórcios para facilitar e estimular a aquisição desse bem que era já o maior sonho de consumo de operários especializados, entre eles os do ramo gráfico. Na Empresa Folha da Manhã, que editava entre outros jornais a ‘Folha de S. Paulo’, ‘Folha da Tarde’, ‘Última Hora’, ‘Notícias Populares’ e ‘Gazeta Esportiva’ foram criados grupos de consórcios administrados pela Mari Auto S.A., revendedora autorizada Volkswagen.


Na assembleia realizada pela Mari Auto S.A. no dia 20 de abril de 1970 com participação dos consorciados dos Grupos 6 e 8, foram entregues três automóveis Volkswagen. Os consorciados que, com os lances efetuados, acumularam na ocasião maior número de pontos, sendo contemplados, foram os gráficos Eduardo José da Fonseca, Moacyr Tang e José Darci Fonseca Lima. Todos os três concretizando o sonho do primeiro automóvel e, melhor ainda, com um automóvel Zero Quilômetro. A maior parte dos automóveis entregues pela Mari Auto S.A. eram destinados justamente para linotipistas e paginadores. Funcionários de outros setores, especialmente jornalistas, não escondiam uma ponta de inveja por esse fato. Da lista de 19 consorciados participantes que constam do resumo do Boletim acima publicado nada menos que 13 dos contemplados eram gráficos. São eles: José Carlos Melandi, João Marques de Oliveira, Gerson Zainagui, Gerson Coelho da Rocha, Waldo Barreto (três cotas), João Antônio Marques, Ladislau Cantero Herrada e Alexandre Pereira Aguiar (Pavão), além dos citados Eduardo José da Fonseca, Moacyr Tang e José Darci Fonseca Lima.

O Boletim expedido para os consorciados após a assembléia de 20/4/1970.


Na assembleia seguinte, realizada no mês de maio, foi contemplado, entre outros consorciados, o linotipista Gerson Coelho da Rocha. E valeu à pena esperar um mês a mais pois a Volkswagen modificou alguns itens do Fusca 1300, entre eles lanternas e parachoques, dando um visual mais moderno ao veículo. O modelo Volkswagen 1300, com quase dez mil automóveis produzidos e negociados, vendia naquele tempo mais unidades que as demais montadoras juntas. Além do Fusca 1300 foram ainda produzidos em fevereiro de 1970 modelos dos seguintes veículos: Aero-Willys, Corcel, Itamaraty, Alfa-Romeu, Esplanada, Karmann-Ghia, Galaxie, Opala, Puma e Variant, conforme demonstra a página da revista 'Quatro Rodas' publicada em maio de 1970. 

Página do jornal 'O Estado de S. Paulo' de 19/4/1970.

Capa da edição de maio de 1970 da revista 'Quatro Rodas'.

Página da edição de maio de 1970 da revista 'Quatro rodas' com a produção
da indústria automobilística brasileira

Nota fiscal expedida pela Mari Auto S.A. referente a veículo entregue
pelo consórcio da revendedora Volkswagen.

19 de ago. de 2014

INFORMATIVO ATAIGESP N.º 131 - JULHO/AGOSTO DE 2014

Foi distribuída a edição n.º 131 do Informativo da Associação dos Trabalhadores Aposentados nas Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo - ATAIGESP, órgão que congrega gráficos que conquistaram o direito à aposentadoria. Bimestralmente os associados da ATAIGESP aguardam ansiosamente o recebimento do informativo para tomar conhecimento daquilo que a associação, hoje presidida pelo querido amigo ROQUE BARBIERI, promove e ainda ler matérias interessantíssimas sobre assuntos diversos. O destaque maior desta edição foi a homenagem recebida por Claudionor Alves de Souza por ocasião de recente reunião da Loja Maçônica de Bauru que outorgou ao companheiro Claudionor o mais alto grau da Ordem Maçônica Brasileira. Parabéns ao amigo Claudionor.


Capa do informativo n.º 131 com destaque para o blog Lino & Tipo.

Quadro de aniversariantes

3 de ago. de 2014

UM ANO SEM O AMIGO 'SOLA' (ODIVALDO JOÃO ÂNGELO)

No último dia 5 de julho completou um ano do falecimento do amigo Odivaldo João Ângelo, o querido 'Sola'. Para lembrá-lo o LINO&TIPO publica duas fotos gentilmente cedidas por Márcia, filha do 'Sola'. A ausência desse companheiro de tantas lutas é bastante sentida, especialmente entre aqueles que eram mais frequentes na ATAIGESP. Porém o 'Sola' é daquelas pessoas que jamais se esquece e sua trajetória pelas empresas nas quais trabalhou, no Sindicato dos Gráficos de São Paulo e na Associação ATAIGESP é um exemplo para todos nós. 

Na foto acima Sola com a esposa e a filha Márcia.


Uma das últimas fotos do Sola com o neto e a primeira esposa.

20 de jul. de 2014

JOSÉ SACUCHI - A CORTESIA EM PESSOA


Na seção de linotipia do jornal Folha de S. Paulo a máquina número 9, uma 'Cometa', tinha como titular, na equipe da tarde Laerte Canil que, em determinado momento, entrou em período de férias, provavelmente em 1970. Para substituí-lo foi designado um rapaz alto, não tão alto quanto Laerte que passava do 1,90m de altura. O nome do substituto era José Sacuchi que naquele mesmo dia ganhou a simpatia de todos os colegas que com ele tiveram oportunidade de conversar. Sacuchi, como pediu para ser chamado, falava baixo, com voz calma e tinha sempre um discreto sorriso estampado no rosto fosse qual fosse o assunto. Ficamos sabendo que Sacuchi havia sido indicado para fazer parte do corpo gráfico da 'Folha' pelo próprio Laerte Canil, de quem era amigo, o que já dava ao novo colega um handicap bastante favorável quanto a ser bem recebido pelos demais. Mas isso nem seria necessário pois José Sacuchi era educadíssimo, gentil e sua simpatia a todos conquistou. Passou-se o período de férias do Laerte e, ainda bem, José Sacuchi continuou substituindo outros colegas que saíam de férias, permanecendo na Folha de S. Paulo por dois anos pelo menos. O sistema de fotocomposição já era uma realidade e os gráficos mais novos foram os primeiros a ser dispensados e assim José Sacuchi deixou o jornal da Alameda barão de Limeira. 

40 anos se passaram e José Sacuchi, que agora podia ser encontrado na sala da ATAIGESP, no prédio do Sindicato dos Gráficos, continuava o mesmo, com o mesmo sorriso e a mesma atenção com aqueles que procuravam a Associação. Os cabelos embranquecidos eram a diferença maior, ele que aposentado dedicava agora parte de seu tempo à ATAIGESP. Ao lado do Castrinho e do Roque Barbieri, Sacuchi era um sócio importante pelo serviço que prestava à Associação, dominando com rara habilidade a Informática. Sacuchi era quem dava à ATAIGESP o necessário suporte tecnológico, exercendo ainda, durante várias gestões de Diretoria, cargos vitais como o de 2.º Tesoureiro para o qual foi eleito na eleição mais recente da Associação. Sacuchi trabalhou, além da citada passagem pela Folha de S. Paulo, no Diário Comércio e Indústria e Imprensa Oficial do Estado, aposentando-se na Editora Abril. Há pouco tempo José Sacuchi foi destacado para representar a ATAIGESP num congresso sobre Artes Gráficas na Alemanha, deixando certamente excelente impressão com seu conhecimento, inteligência e maneira de ser.

José Sacuchi era paulistano do bairro da Moóca, onde nasceu há 72 anos, tendo se casado em 1965. Sacuchi havia viajado para São José do Rio Preto, onde reside sua filha e lá chegando passou algumas horas cuidando das flores do jardim da casa da filha. Durante a madrugada Sacuchi sentiu-se mal, vindo a falecer no dia 8 de maio último. Só é possível lembrar de José Sacuchi como pessoa cordata, discreta e gentil. A cortesia em pessoa.

José Sacuchi operando uma Linotipo num museu de Artes Gráficas na Alemanha.

19 de jun. de 2014

LEMBRANDO GRÁFICOS APARENTADOS DA “FOLHA” E DA “ÚLTIMA HORA”

Os irmãos Laerte e Pedro Canil;
abaixo Castro pai e Castrinho.
Era comum na metade do século passado empresas contratar parentes de bons funcionários. Irmãos eram os preferidos pois se um funcionário se destacava por ser assíduo, respeitoso e por desempenhar bem suas tarefas, o irmão certamente procederia da mesma forma para alegria do patrão. Na Empresa Folha da Manhã, não era diferente e havia inúmeros casos, especialmente na seção gráfica, de irmãos contratados a partir da indicação do mano que já pertencia ao quadro de funcionários. Nos anos 50 o linotipista Pedro Canil trouxe seu irmão Laerte Canil e mais tarde foi a vez do caçula Paulo Canil trabalhar no 2.º andar do prédio da Alameda Barão de Limeira, 425, no bairro dos Campos Elíseos. Lá da redação o jornalista Aroldo Chiorino colocou na gráfica seu irmão Osvaldo e não demorou trouxe o mais novo, Antonio Chiorino, ambos linotipistas. Um dos mais antigos funcionários da Folha era o também linotipista Santiago Soler que indicou seu filho Walter Soler para trabalhar na paginação. Demorou alguns anos e foi a vez do Soler mais novo entrar para a Folha, atuando como emendador. Um dos mais queridos linotipistas da Folha de S. Paulo era o Carlos Alberto Pereira de Castro, o ‘Castrinho’, assim chamado para não ser confundido com seu pai, o também linotipista Castro, da velha guarda do jornal.

O jornalista Aroldo Chiorino; Solerzinho; Francisco dos Santos; comendo está o
cunhado do Mansur; de perfil 'Formiguinha'; os manos Antônio e Luís Dedone.

Os irmãos Aquiles e Belmiro.
Francisco dos Santos era linotipista da Folha e seu irmão Claudio era paginador, ainda que não se saiba quem indicou quem... O linotipista Luís Dedone trouxe seu irmão Antônio Dedone para ser emendador e curiosamente Antônio Dedone era impressor de profissão. Outra dupla de irmãos linotipistas que passou pela Folha foram os Fonsecas: Roberto e Clodoaldo. Um emendador da Folha apelidado ‘Formigão’ abriu as portas para seu filho Laerte, mecânico de linotipo mais conhecido por ‘Formiguinha’. Aquiles Feliciano Afonso foi levado da Impress para a Folha num ‘pacote’ de linotipistas pelo então gerente gráfico Fábio de Melo. Na Folha já trabalhava Belmiro, mecânico de linotipo e irmão de Aquiles. E falando em mecânicos de linotipo, o ‘Nego’, apelido do estimado Guerino Togni, conseguiu que seu sobrinho Celso entrasse na Folha e fosse até para o Senai aprender a profissão de linotipista. O também mecânico de linotipo Ovídio Bonetti trouxe para a Folha seu cunhado bancário Osvaldo Rodrigues Cavaletti; mais tarde e também por indicação de Ovídio entraram para os quadros da Folha os irmãos (e sobrinhos de Ovídio) Pimenta e Pimentinha, cujos nomes de batismo o blog fica devendo. Assad Atala Mansur quando passou a chefe da seção gráfica arrumou logo emprego para seu cunhado cujo nome merece ser lembrado. Alberto Mezzetti, linotipista que adorava apostar nos cavalinhos indicou para trabalhar na Folha seu sobrinho Dirceu Mezzetti, igualmente linotipista E quando a Última Hora se mudou com máquinas e gráficos para o prédio da Folha de S. Paulo parentes se reencontraram na nova casa.

Francisco Cantero Herrada, o 'Paquito' e
atrás Ladislau Cantero Herrada;
ao lado José Sanches Matalana.
José Mezzetti era uma grande figura humana, amigo de todos e irmão de Alberto e tio de Dirceu. Zé Mezzetti conseguiu que Dílson Mezzetti, irmão de Dirceu trabalhasse na Folha, ainda que por pouco tempo. Zé Mezzetti conseguiu ainda que seu cunhado Hermínio do Nascimento se integrasse ao corpo de linotipistas da Folha. E Mário Grazzini, linotipista da UH que veio para a Folha e era irmão do gorducho José Grazzini (linotipista do Estadão), colocou seu irmão Danilo Grazzini no jornal da Alameda Barão de Limeira. A curiosidade é que Danilo já havia trabalhado com o irmão José Grazzini na Rua Major Quedinho, nas oficinas de O Estado de S. Paulo. Difícil falar da Última Hora sem lembrar do seu Diretor Gráfico Francisco Cantero Herrada, mais conhecido por ‘Paquito’. Para a UH Paquito trouxe seu irmão Ladislau e ainda o sobrinho Francisco Sanches Matalana. Quando da mudança para a Folha vieram somente ‘Paquito’ e Ladislau. Álvaro Alves, o linotipista gaúcho da UH encaminhou seu filho Henrique Alves Neto para o jornal. Ambos se mudaram para a Folha, onde Henrique passou a linotipista. O paginador Miguel Martinez fez o mesmo e conseguiu emprego para seu filho, isto já na Folha. O também paginador Luís Beck foi o responsável pela contratação de seu sobrinho José Carlos Teodoro, ainda na UH; Beck ficou pouco na Folha, enquanto o ‘Alemão’ José Carlos permaneceu até o fatídico fevereiro de 1974 (quando a gráfica antiga deixou de existir naquele jornal). Mário Galvão de França, linotipista da UH acompanhou a mudança e indicou seu sobrinho chamado de ‘Francinha’ que trabalhou vários anos na Folha de S. Paulo, chegando a atuar como linotipista.

José Mezzetti e nas fotos menores Dílson Mezzetti e Hermínio do Nascimento;
no centro Álvaro Alves segurando o netinho e Henrique Alves Neto;
à direita José Carlos Teodoro, Miguel Martinez e Francinha.


Ainda na mesma Folha trabalharam juntos os cabeludos irmãos Manuel e Arinaldo, ambos apelidados de ‘Folha Seca’ (I e II), bem como os irmão Rigo, o mais velho deles João Batista. Outros irmãos, primos, cunhados e sobrinhos trabalharam na Folha de S. Paulo, mas 40 anos depois da desativação do parque gráfico antigo, a memória começa a falhar e o esquecimento é inevitável. Os parentes citados, muitos deles já falecidos, contribuíram enormemente para que Folha deixasse a condição de jornal de categoria inferior e se tornasse o maior órgão noticioso impresso do país, superando o concorrente Estadão. A eles o blog rende homenagem.

NO TEMPO DAS CABELEIRAS
À esquerda os irmãos Nezinho e Arinaldo; no centro os irmãos Rigo;
à direita, estão Gerson e Henrique que, ao contrário do que muitos
pensavam, não eram irmãos e sim compadres.

25 de mar. de 2014

JOSÉ AURÉLIO GIONDA, O LINOTIPISTA ‘IMPRESSIONANTE’


        José Aurélio Gionda cursou a Escola Senai de Artes Gráficas, aprendendo a profissão de Linotipista. José Aurélio exerceu essa profissão em diversas empresas, uma delas a Editora Abril, cujo parque gráfico se localizava na Marginal Tietê, próximo à Ponte do Piqueri. E o linotipista José Aurélio residia a poucos quilômetros dali, no bairro da Vila Nova Cachoeirinha. Assim como todas as grandes editoras de jornais e revistas, a Editora Abril substituiu, nos anos 70, o obsoleto sistema de composição que utilizava o chumbo pela fotocomposição. José Aurélio foi mais um dos muitos gráficos que teve que deixar uma grande empresa gráfica e passar a trabalhar em linotipadoras. Em 1979 José Aurélio Gionda tinha que percorrer uma distância muito maior para chegar de sua casa ao novo emprego, a Linotipadora Artestilo, que se localizava à Rua Martim Burchard, no Brás. Ganhava-se pouco, o salário atrasava mas ainda assim os gráficos não perdiam o bom humor.
'Impressionante' devia estar dizendo o
Aurélio na foto, bebendo um chopp
num churrasco em Guarapiranga.
        O grupo de linotipistas do turno da noite era formado pelo José Aurélio, Marco Antônio dos Santos, Jurandir Gomes da Silva, Darci Fonseca e Carlos Terra. Este último um gráfico avesso às brincadeiras, ao contrário dos demais que mantinham vivo o espírito moleque, o que era comum a quase todos os gráficos. José Aurélio tinha o hábito de usar o adjetivo ‘impressionante’ para tudo que fosse excessivo, curioso, diferente, bizarro e que por qualquer razão fugisse da normalidade. O trânsito bom ou ruim era ‘impressionante’; a camisa bonita ou feia do colega era ‘impressionante’; uma moça atraente ou um daqueles canhões que passasse era ‘impressionante’; um gol do Corinthians era sempre ‘impressionante’; e o constante atraso de salário na linotipadora era também tristemente ‘impressionante’. Quase tudo para o Aurélio era ‘impressionante’. Certa noite de trabalho na Artestilo, por volta das duas horas da madrugada, José Aurélio Gionda foi ao banheiro e no retorno gritou para todos escutarem: “IMPRESSIONANTE!”. Ninguém deu atenção ao Aurélio porque o ‘impressionante’ dele era corriqueiro quando ele queria enfatizar algo. Só que Aurélio repetiu mais meia dúzia de vezes o clássico ‘impressionante’, até que todos pararam de trabalhar e olharam para ele. Todos menos o Jurandir, também conhecido por ‘Pau-na-Mula’...
José Aurélio Gionda
        Postado no meio do corredor, Aurélio explicou então o que ele vira no banheiro que era assim tão impressionante. Antes dele o Jurandir havia ido ao WC e lá deixara, boiando no vaso sanitário, um portentoso e realmente impressionante dejeto. Todos os linotipistas, menos o Jurandir, foram constatar a impressionante obra que media quase 20 centímetros com uma grossa circunferência de pelo menos duas polegadas. Sabia-se que o Jurandir tinha essa característica de produzir toletes enormes que muitas vezes necessitavam de duas ou três descargas para ir embora. Desta vez, porém, o tijolo era monumental e o Aurélio sugeriu que o roliço excremento fosse fotografado e enviado para o Guinness Book. Mas naquele tempo não havia celulares com câmara para registrar a obra e a cena ficou apenas na memória de quem testemunhou o monstruoso dejeto que mais parecia obra do Gigante Adamastor. 

Lima e Juari
        O Lima, ajudante de mecânico, teve a ideia de espetar um palito de dentes com uma bandeirinha no cocozão com a inscrição ‘Pau-na-Mula’. O tolete resistiu incólume a dezenas de descargas, até que um paginador apelidado ‘Juari’ decidiu partir o tijolo em pedaços para com sucessivas descargas encaminhá-lo, finalmente, para o esgoto.  E todos voltaram ao trabalho preocupados com o Pau-na-Mula sentir vontade de ir ao banheiro... Aurélio gostava de contar essa história ‘impressionante’ e que, essa sim, merecia mesmo o então desgastado adjetivo. Mas impressionante mesmo era o constante bom humor de José Aurélio Gionda e sua facilidade para ser benquisto pelos companheiros. Aurélio se tornou mais tarde um pequeno empresário utilizando tecnologias do ramo gráfico muito mais modernas que as linotipos que operou por tanto anos. No dia 26 de março José Aurélio Gionda completa mais um ano de vida e o blog LinoeTipo dá os parabéns ao querido colega do ‘impressionante’.

20 de fev. de 2014

ALUNOS DO SENAI EM EXCURSÃO A SUARÃO, LITORAL SUL, EM 1960

No ano de 1960 a Escola Senai de Artes Gráficas Felício Lanzara organizou uma excursão a Suarão, município do Litoral Sul de São Paulo, próximo a Itanhaém. Aproximadamente 70 alunos dos três graus dos períodos Manhã e Tarde lotaram dois ônibus e o passeio foi uma verdadeira festa com congraçamento de todos. Para alguns dos adolescentes aquela seria a primeira vez que veriam o mar pois descer a Via Anchieta não era tão comum como nas décadas seguintes. A Rodovia dos Imigrantes não passava de um quase utópico projeto. Abaixo algumas fotos daquela excursão com destaque para os alunos da Turma T2C.

Parte do grupo de alunos que excursionaram a Suarão: em pé podem ser vistos
José Hamilton Aissum (de paletó), Darci Fonseca Lima (de mãos na cintura) e
Henrique Lopes (penúltimo à direita); agachados Irineu Munhoz Zafalon (3.º),
Benjamin Fernandes (4.º) e Gilberto Padrão (5.º).

As bela aluna no centro é Justina Izidoro da Silva e a outra moça bonita fica sem
 identificação; em pé ao lado delas estão Darci Fonseca Lima, Antônio Carlos
Bunel, José Hamilton Aissum e Francisco Carlos Michelman;

agachados 'Seo' Mário, enfermeiro do Senai de Artes Gráficas e Bernardo.

Na praia, em Suarão: Irineu Munhoz Zafalon, Darci Fonseca Lima, aluno não
identificado, Francisco Carlos Michelman, Bernardo, José Hamilton Aissum
e Antônio Carlos Bunel.

Todos sérios sobre uma pedra: Irineu Munhoz Zafalon, José Hamilton Aissum
(de paletó, pode?), Odair e Hideaki Uchida; agachados: Francisco Carlos Michelman,
Darci Fonseca Lima e Bernardo.

Estariam esses rapazes sobre a cama de Anchieta? Irineu Munhoz Zafalon,
Darci Fonseca Lima, Bernardo, Francisco Carlos Michelman

e, de paletó, José Hamilton Aissum.

16 de jan. de 2014

AQUILES FELICIANO AFONSO, UM PORTUGUÊS INTELIGENTE


Entre os linotipistas da Folha de S. Paulo, nos anos 60 e 70 havia um que se destacava dos demais por sua aparência séria, sisuda mesmo. Mera aparência que escondia um grande gozador que não perdia oportunidade para ironizar seja lá quem fosse que fizesse alguma trapalhada. Profissional dos melhores, ele acumulava provas limpas uma atrás da outra, por vezes sem errar uma única palavra durante toda a jornada de trabalho e tinha uma característica peculiar de teclar pois usava apenas quatro dedos, os indicadores e os médios das duas mãos. Mesmo assim era um dos campeões de produtividade e fica-se a imaginar como seria a produtividade desse linotipista se ele usasse mais dedos no teclado. Falo do AQUILES FELICIANO AFONSO, a quem Laerte Canil (o 'Carijó') chamava carinhosamente de ‘Antão’ devido à sua ascendência lusitana. Aquiles veio da Impress, empresa do Grupo Folhas que fazia livros, trazido pelo então gerente gráfico Fábio de Mello, isto em 1965. Quando a gráfica da Folha necessitou de reforço com a aquisição do jornal ‘Notícias Populares’, Fábio de Mello levou para a gráfica do 2.º andar da Alameda Barão de Limeira n.º 425, os linotipistas Jurandir Gomes da Silva, Sérgio Pizzigatti, Dalvio Oliveira do Nascimento e Aquiles Feliciano Afonso. Um quarteto de respeitáveis profissionais.

À direita foto de gráficos da Folha de S. Paulo vendo-se, entre outros, Orlandinho,
Tatu (Carlos Messias), Totó (Antônio Faria), Grego (Roger Vincent Fildimaque),
Lambari (Altair Martins) e Galocha (Roberto Fonseca). Segurando a  garrafa
de cerveja Aquiles Feliciano Afonso e encoberto atrás de Tatu está José Mezzetti.
Na foto à direita Aquiles e Roger em 2012.

A cabeçada salvadora - Aquiles é descendente de portugueses, mas diferentemente dos patrícios tem sempre respostas rápidas e aguçado senso de humor. Inteligente de verdade, ora pois... Mas certo dia Aquiles deu uma de ‘português’, quando estava numa roda de companheiros entre duas linotipos conversando e segurou num excêntrico da máquina da esquerda e colocou inadvertidamente a mão na outra linotipo. Ficou grudado e os colegas de trabalho que estavam ao redor não sabiam o que fazer. Totó (Antônio Faria), Lambari (Altair Martins) e Pau-na-Mula (Jurandir Gomes da Silva) ficaram tão paralisados quanto Aquiles que, mudando de cor, suportava o choque de 220 volts. Por sorte passava por ali o paranaense Talarico (Dalvio Oliveira do Nascimento) que ao ver a cena não teve dúvidas, correu em direção do Aquiles e acertou-lhe forte cabeçada na testa. Aquiles caiu desacordado para trás e o grupo acreditava que ele não houvesse suportado o choque e tivesse ido fazer companhia a Camões em mares nunca dantes navegados. Alguém correu para o prédio vizinho, onde funcionava o Departamento Médico para chamar o Dr. Tomanik, o que levaria pelo menos dez minutos. Enquanto isso Dalvio abriu a boca do companheiro desacordado e puxou sua língua para fora, desenrolando-a. Dois ou três minutos depois Aquiles recobrava os sentidos e aos poucos começou a conversar normalmente refazendo-se do susto. Do susto do choque até que Aquiles se refez rapidamente, mas ficou uma semana com um enorme galo na testa provocado pela cabeçada salvadora do Talarico. E nunca mais o português segurou em duas máquinas ao mesmo tempo...

Timaço da gráfica da Folha de São Paulo, vendo-se em pé Orlandinho, Carlos, Devanir,
Jaiminho, Elvio, Jair, N.I., N.I., AQUILES e Medina; agachados Adaclé, Mamamá,
Pernambuco, Gersão, Henrique, Solezinho e Folha Seca.


Juventino ou corintiano? - Reencontrei Aquiles Feliciano Afonso na Linotipadora Godoy, em 1982, onde ele continuou a ser o mesmo colega de trabalho aparentemente sério mas sempre pronto para disparar uma frase irreverente. Ao contrário do que seria normal, Aquiles não torcia para a Portuguesa de Desportos. Afirmava sempre que era torcedor do Juventus, mas suspeitava-se que Aquiles fosse um corintiano não assumido, inclusive sendo morador da Zona Leste. Neste dia 17 de janeiro Aquiles completa mais um ano de vida, devendo estar ao redor dos 70 anos e mantendo a jovialidade, como pode ser visto nas fotos feitas durante uma reunião de ex-gráficos, ao pé da Serra da Cantareira, no final de 2012. Parabéns ao Aquiles, linotipista da mais alta categoria e emérito gozador.

Aquiles Feliciano Afonso (na segunda linotipo) em 1983 na Linotipadora Godoy.
Os demais são Darci Fonseca, João Pedreiro e Gelindo Tozzi.