Lembranças dos tempos em que jornais e revistas eram feitos nas saudosas oficinas tipográficas - Editor: Darci Fonseca

21 de out. de 2013

ALTAIR MARTINS COMPLETA 71 ANOS DE VIDA, PRESTES A SE TORNAR O DR. ALTAIR MARTINS


Conheci Altair Martins no jornal Última Hora, em 1963. Havia na oficina da U.H. duas linotipos modelo Cometa (Comet), a mais rápida das máquinas linotipos. Altair operava a máquina n.º 2, uma Cometa e me designaram para trabalhar na máquina n.º 1, a outra Cometa, que ficava ao lado da n.º 1. Trabalhando ao lado de Altair Martins passei a admirar o profissionalismo, a seriedade, a educação, e a generosidade daquele rapaz, que poucos chamavam pelo nome, preferindo o apelido carinhoso de ‘Lambari’.

Altair, craque do Guarani do Sacomã.
Gordinho bom de bola - Quando a Última Hora mudou do Vale do Anhangabaú para a Alameda Barão de Limeira, sendo absorvida pela Folha de S. Paulo, continuamos a trabalhar juntos e ainda nas máquinas Cometas, agora números 8 e 10, separados apenas pela Cometa cujo operador era o Laerte Canil. A amizade com Altair aumentou, com a diferença que ele agora casado e pai de dois filhos, se tornara uma pessoa muito mais alegre. Triste apenas quando seu time do coração perdia, o que acontecia quase sempre pois eram os tempos em que o Corinthians era chamado de ‘Faz-me-Rir’. E por falar em futebol, houvesse uma bola rolando e Altair estava pronto para entrar em campo e sempre em esplêndida forma. Seus visíveis quilos a mais enganavam a todos, principalmente os adversários pois atuando pela ponta-direita, Altair deixava para trás na velocidade e com dribles desconcertantes seus muito mais esbeltos marcadores. Para comprovar esse fato bastava apenas ir aos domingos assistir aos jogos do Guarani do Sacomã, bairro onde Altair residia.

Altair Martins com os amigos Aquiles
Feliciano Afonso e Roberto Fonseca.
Outros empregos do ‘Lambinha’ - Na Folha de S. Paulo o apelido do Altair mudara pois os amigos mais próximos o chamavam de forma ainda mais carinhosa: ‘Lambinha’. Após breve separação eu e Altair Martins voltamos a trabalhar numa mesma empresa, a Imprensa Oficial do Estado e pouco tempo depois na Linotipadora Artestilo, da qual Altair se tornou sócio. Altair Martins encerrou sua carreira como linotipista no Diário do Comércio nos anos 80. Foi quando Altair passou a ter problemas de coluna ficando impossibilitado de exercer nova atividade, isto até decidir que era hora de voltar a estudar. O sonho de Altair era ser advogado, mas se aproximando dos 70 anos e com a dificuldade de locomoção, o curso de Direito era quase uma irrealidade. Certos obstáculos que parecem intransponíveis para alguns, são superados pela tenacidade, estoicismo e uma inquebrantável vontade de alcançar o objetivo que nem todos possuem. E assim é Altair Martins que fez o Vestibular para o Curso de Ciências Jurídicas na Anhanguera Educacional, Campus ABC e hoje cursa os últimos semestres para se tornar Bacharel em Direito e futuro advogado da área Trabalhista e Previdenciária após os exames da Ordem dos Advogados do Brasil.

Altair Martins em plena sala de aula sensibilizado por
uma entre tantas homenagens que recebe na faculdade.
Quase Dr. Altair Martins - Querido pelos professores e colegas do Curso de Ciências Jurídicas, da mesma forma que era querido pelos amigos gráficos, Altair Martins é um exemplo de superação que serve não apenas para os jovens que o cercam na faculdade, mas também para os sessentões e setentões que com ele trabalharam no passado. Hoje, dia 21 de outubro, data em que Altair Martins comemora 71 anos, o blog LINO&TIPO o parabeniza com muito orgulho. E eu tenho orgulho ainda maior por ter sido seu companheiro como gráfico e ainda hoje tê-lo como amigo. O único problema dentro de breve tempo será ter que chamar o sempre querido ‘Lambinha’ de Dr. Altair Martins. Mas ele merece!
                                                                                                                     Darci Fonseca


Texto publicado na página do Facebook da Anhanguera Institucional.

Altair Martins mostrando sua habilidade na natação e na foto abaixo com
o filho Maurício. Na foto maior uma rede de pesca no Riacho Grande
e Altair, o 'Lambari', bem no meio dela. Fotos tiradas em 1972.

Acima à direita gráficos da Folha de S. Paulo; abaixo gráficos da Imesp;
na foto maior Altair Martins como meia-esquerda da Folha de S. Paulo.

13 de out. de 2013

COLÔNIA DE FÉRIAS DOS GRÁFICOS EM 1977

Funcionários da Imprensa Oficial do Estado na Colônia de Féria do STIG, em 1977.
Em pé: Gerson Coelho da Rocha, Antônio Carlos (Vermelhinho), Élvio e Salvador
Signorelli; agachados: não identificado, Ramos e João Rodrigues.

Mais funcionários da Imprensa Oficial do Estado na Colônia de Férias dos Gráficos
na Praia Grande, em 1977. Em pé: Robertinho, Antônio Carlos (Vermelhinho),
não identificado e Darci Fonseca; agachados João Rodrigues e Wagner Signorelli
(filho de Salvador Signorelli).

2 de ago. de 2013

CARLOS JUSTI, UM SENHOR MECÂNICO DE LINOTIPO


Conheci CARLOS JUSTI por volta de 1964 na "Tribuna da Justiça", semanário que tratava de assuntos jurídicos e que era composto nos fundos de uma casa na Avenida Lins de Vasconcelos (bairro de Vila Mariana, em São Paulo). Havia uma única máquina Linotipo na qual era composto o tablóide editado pelo Promotor de Justiça Dr. Onésimo da Silveira e essa máquina não podia deixar de funcionar de forma alguma, caso contrário o jornal não sairia. Pelo menos naquele mês e meio que trabalhei na "Tribuna da Justiça" a Modelo 31 daquele jornal não apresentou nenhum problema maior de funcionamento e as pequenas irregularidades de ordem técnica que surgiam eram solucionadas facilmente pelo mecânico de manutenção Carlos Justi que visitava a empresa uma vez por semana. 'Seo' Carlos (eu ainda o chamava assim) deixava a máquina 'redondinha', como se diz atualmente. Das nossas conversas naquele tempo lembro apenas que Carlos Justi era palmeirense e sempre muito tranquilo (época em que o palmeiras era uma força do futebol paulista e brasileiro). Carlos adorava falar de futebol. Voltei a trabalhar com Carlos Justi na "Folha de S. Paulo", em 1966. Com mais de meia centena de linotipos que havia na 'Folha' a necessidade de uma numerosa equipe de técnicos de manutenção era imperiosa. O Setor de Manutenção era comandado por mecânicos que estavam na 'Folha' há mais tempo e a eles se subordinavam Carlos Justi, Miguel Del Gaudio e Inocêncio Ramblas Filho. Esses três 'mecânicos de linotipo' eram os responsáveis diretos pela excepcional performance daquele parque gráfico formado pelas 55 linotipos no 2.º andar do prédio da Alameda Barão de Limeira, 425. Mesmo sendo um mecânico bastante requisitado, Carlos Justi sempre falava de seu projeto de vida de montar um comércio para venda de utensílios domésticos, com predominância de panelas, lá no bairro do Ipiranga, onde residia. Depois de 40 anos sem ver Carlos Justi eu o reencontrei no churrasco organizado por Roger Vincent Fildimaque (o grego nascido no Egito) no final de 2012, na Serra da Cantareira. Carlos estava presente e que grande alegria foi rever esse caro amigo e competentíssimo profissional. Nessa ocasião ele disse estar morando no interior, na cidade de Amparo e que até pouco tempo atrás ainda consertava as máquinas de um jornal da região. Esse encontro foi uma feliz oportunidade para rever e abraçar Carlos Justi, um Senhor Mecânico de Linotipo. (Darci Fonseca)

12 de jul. de 2013

LEMBRANDO O AMIGO SOLA (ODIVALDO JOÃO ÂNGELO)


Entre os gráficos da Velha Guarda um dos mais conhecidos e estimados era Odivaldo João Ângelo. Esse nome pode até não ser muito familiar aos antigos companheiros, mas se escrevermos o apelido pelo qual ele era chamado - SOLA - todos abrirão um largo sorriso e lembrarão daquele companheiro verdadeiramente inesquecível. Sola foi paginador de "A Gazeta", "Estadão, "Folhas" e "DCI", entre as empresas mais conhecidas em que trabalhou. Sola não só trabalhou com grande competência e profissionalismo, mas foi também um batalhador pelos direitos da categoria. Após se aposentar Sola passou a integrar o quadro de associados da ATAIGESP, prestando grande colaboração à associação dos gráficos aposentados. Aqueles que tiveram a felicidade de trabalhar com o Sola conheceram bem sua cordialidade, educação e mais que tudo sua alegria e expansividade. Brincava com todos sem esquecer o respeito e a fidalguia e durante sua carreira só fez amigos. Mesmo entre as chamadas novas gerações de gráficos Sola era igualmente estimado pois era impossível não gostar de sua espontânea comunicabilidade.
No dia 5 de julho último (2013), os amigos de Sola ficaram tristes pois nessa data ocorreu o falecimento do grande companheiro de trabalho, de lutas e de alegre convivência. O blog LINO & TIPO publica algumas fotos do Sola e presta homenagem a esse amigo de todos os gráficos dos bons tempos.

Futebol na Artestilo em 1979. O craque Sola (nem tanto, não é mesmo...)
 é o terceiro em pé da esquerda para a direita.

José Garbuglio, José Carlos Teodoro, 'Profeta', Aquino e Sola, no churrasco após o jogo.

Magrão, Clemente Macchio, Ñ. Ident., Sola segurando uma Antarctica, Borges,
Garbuglio e Liberato.



Na foto acima Sola está ladeado pela filha Márcia e pelo neto Victor Ângelo.

11 de abr. de 2013

ANIVERSÁRIO DO 'BATATA', O LINOTIPISTA TRANQUILO


Paulinho, paginador vindo
de Bauru. Grande gozador.
        A Impressora Paulista, empresa gráfica montada por Francisco Cantero, o 'Paquito' já funcionava há cerca de um ano, desde meados de 1962, quando foi contratado um novo linotipista. Bastante jovem e simpático, o moço com sotaque caipira foi logo dizendo que seu nome era Luiz. Havia também ingressado na I.P., como era chamada aquela gráfica que compunha e imprimia jornais de bairro, um paginador chegado de Batatais. Havia na I.P. muitos interioranos, a maioria deles oriunda de Bauru, coincidentemente terra do próprio Paquito. Um desses bauruenses era o paginador chamado Paulinho que além de excelente profissional era um grande gozador. Certo dia alguém perguntou se o linotipista moreno e gordinho (o Luiz) era também de Bauru. O Paulinho, disse que ele, como o outro rapaz, era de Batatais. O chefe da gráfica, o Almeida, sempre sem graça fez a óbvia piada: "Essa cidade, pelo nome deve ser terra de muita plantação de batatas". Brincalhão como só ele, o Paulinho emendou: "E esse Luiz gordinho e moreno desse jeito mais parece uma batata mesmo..." E todos na gráfica passaram a chamar o novo linotipista de 'Batata'. De nada adiantou ele explicar que tinha nascido em Catanduva e que sequer conhecia Batatais.
          O apelido pegou e o 'Batata', quer dizer, o Luiz Batista, nem ligou. Continuou tranquilo como sempre, atendendo a todos com calma e simpatia. Pra falar a verdade, mais calma do que simpatia. E que calma! Na Impressora Paulista havia também momentos de correria, principalmente nas quintas e sextas-feiras com o fechamento do "Jornal de São Caetano", "Tribuna de Santana" e "Gazeta Penhense". Todos se movimentavam freneticamente. Todos menos o 'Batata' que na sua 'Modelo 8' que praticamente só fazia títulos era a própria expressão da calmaria do Caminho das Índias contada na História. E ele seria assim por toda sua longa carreira.
           Reencontrei o 'Batata' na Folha de S. Paulo. Quase 60 linotipos compondo cinco ou seis jornais simultaneamente, no estressante sistema de produção. Só quem não se estressava era o 'Batata' que não se deixava envolver pela correria dos demais, levantando da cadeira tranquilamente para pegar um original e retornando no maior sossego. 'Batata' com sua paz era um perfeito e necessário contraponto àqueles linotipistas desesperados, que mais pareciam estar a caminho de tirar o pai da forca, como se dizia naqueles anos 60.
        Por todos os jornais e casas de obra nas quais trabalhou 'Batata' mostrou que seu lema era 'Devagar também é pressa'. Línguas víperinas contam que a música preferida de 'Batata' é "Sossego", do Tim Maia, o que ele não confirma mas também não desmente. E 50 anos depois de ter conhecido o  tranquilo 'Batata' posso dizer que ele sempre esteve certo pois hoje, próximo dos 70 anos (ou será que já chegou lá?) 'Batata' é o mesmo. Exceto por alguns cabelos brancos e a barbicha grisalha ele é o mesmo risonho jovem chegado de Catanduva, a quem o 'Paquito' deu oportunidade em 1963.
         Parabéns, amigo 'Batata'. Não só pelo seu aniversário em 29 de abril, mas também por ter sido sempre um grande exemplo de amizade e tranquilidade dentro das empresas nas quais trabalhou.