Lembranças dos tempos em que jornais e revistas eram feitos nas saudosas oficinas tipográficas - Editor: Darci Fonseca

2 de ago. de 2013

CARLOS JUSTI, UM SENHOR MECÂNICO DE LINOTIPO


Conheci CARLOS JUSTI por volta de 1964 na "Tribuna da Justiça", semanário que tratava de assuntos jurídicos e que era composto nos fundos de uma casa na Avenida Lins de Vasconcelos (bairro de Vila Mariana, em São Paulo). Havia uma única máquina Linotipo na qual era composto o tablóide editado pelo Promotor de Justiça Dr. Onésimo da Silveira e essa máquina não podia deixar de funcionar de forma alguma, caso contrário o jornal não sairia. Pelo menos naquele mês e meio que trabalhei na "Tribuna da Justiça" a Modelo 31 daquele jornal não apresentou nenhum problema maior de funcionamento e as pequenas irregularidades de ordem técnica que surgiam eram solucionadas facilmente pelo mecânico de manutenção Carlos Justi que visitava a empresa uma vez por semana. 'Seo' Carlos (eu ainda o chamava assim) deixava a máquina 'redondinha', como se diz atualmente. Das nossas conversas naquele tempo lembro apenas que Carlos Justi era palmeirense e sempre muito tranquilo (época em que o palmeiras era uma força do futebol paulista e brasileiro). Carlos adorava falar de futebol. Voltei a trabalhar com Carlos Justi na "Folha de S. Paulo", em 1966. Com mais de meia centena de linotipos que havia na 'Folha' a necessidade de uma numerosa equipe de técnicos de manutenção era imperiosa. O Setor de Manutenção era comandado por mecânicos que estavam na 'Folha' há mais tempo e a eles se subordinavam Carlos Justi, Miguel Del Gaudio e Inocêncio Ramblas Filho. Esses três 'mecânicos de linotipo' eram os responsáveis diretos pela excepcional performance daquele parque gráfico formado pelas 55 linotipos no 2.º andar do prédio da Alameda Barão de Limeira, 425. Mesmo sendo um mecânico bastante requisitado, Carlos Justi sempre falava de seu projeto de vida de montar um comércio para venda de utensílios domésticos, com predominância de panelas, lá no bairro do Ipiranga, onde residia. Depois de 40 anos sem ver Carlos Justi eu o reencontrei no churrasco organizado por Roger Vincent Fildimaque (o grego nascido no Egito) no final de 2012, na Serra da Cantareira. Carlos estava presente e que grande alegria foi rever esse caro amigo e competentíssimo profissional. Nessa ocasião ele disse estar morando no interior, na cidade de Amparo e que até pouco tempo atrás ainda consertava as máquinas de um jornal da região. Esse encontro foi uma feliz oportunidade para rever e abraçar Carlos Justi, um Senhor Mecânico de Linotipo. (Darci Fonseca)