Lembranças dos tempos em que jornais e revistas eram feitos nas saudosas oficinas tipográficas - Editor: Darci Fonseca

20 de jul. de 2014

JOSÉ SACUCHI - A CORTESIA EM PESSOA


Na seção de linotipia do jornal Folha de S. Paulo a máquina número 9, uma 'Cometa', tinha como titular, na equipe da tarde Laerte Canil que, em determinado momento, entrou em período de férias, provavelmente em 1970. Para substituí-lo foi designado um rapaz alto, não tão alto quanto Laerte que passava do 1,90m de altura. O nome do substituto era José Sacuchi que naquele mesmo dia ganhou a simpatia de todos os colegas que com ele tiveram oportunidade de conversar. Sacuchi, como pediu para ser chamado, falava baixo, com voz calma e tinha sempre um discreto sorriso estampado no rosto fosse qual fosse o assunto. Ficamos sabendo que Sacuchi havia sido indicado para fazer parte do corpo gráfico da 'Folha' pelo próprio Laerte Canil, de quem era amigo, o que já dava ao novo colega um handicap bastante favorável quanto a ser bem recebido pelos demais. Mas isso nem seria necessário pois José Sacuchi era educadíssimo, gentil e sua simpatia a todos conquistou. Passou-se o período de férias do Laerte e, ainda bem, José Sacuchi continuou substituindo outros colegas que saíam de férias, permanecendo na Folha de S. Paulo por dois anos pelo menos. O sistema de fotocomposição já era uma realidade e os gráficos mais novos foram os primeiros a ser dispensados e assim José Sacuchi deixou o jornal da Alameda barão de Limeira. 

40 anos se passaram e José Sacuchi, que agora podia ser encontrado na sala da ATAIGESP, no prédio do Sindicato dos Gráficos, continuava o mesmo, com o mesmo sorriso e a mesma atenção com aqueles que procuravam a Associação. Os cabelos embranquecidos eram a diferença maior, ele que aposentado dedicava agora parte de seu tempo à ATAIGESP. Ao lado do Castrinho e do Roque Barbieri, Sacuchi era um sócio importante pelo serviço que prestava à Associação, dominando com rara habilidade a Informática. Sacuchi era quem dava à ATAIGESP o necessário suporte tecnológico, exercendo ainda, durante várias gestões de Diretoria, cargos vitais como o de 2.º Tesoureiro para o qual foi eleito na eleição mais recente da Associação. Sacuchi trabalhou, além da citada passagem pela Folha de S. Paulo, no Diário Comércio e Indústria e Imprensa Oficial do Estado, aposentando-se na Editora Abril. Há pouco tempo José Sacuchi foi destacado para representar a ATAIGESP num congresso sobre Artes Gráficas na Alemanha, deixando certamente excelente impressão com seu conhecimento, inteligência e maneira de ser.

José Sacuchi era paulistano do bairro da Moóca, onde nasceu há 72 anos, tendo se casado em 1965. Sacuchi havia viajado para São José do Rio Preto, onde reside sua filha e lá chegando passou algumas horas cuidando das flores do jardim da casa da filha. Durante a madrugada Sacuchi sentiu-se mal, vindo a falecer no dia 8 de maio último. Só é possível lembrar de José Sacuchi como pessoa cordata, discreta e gentil. A cortesia em pessoa.

José Sacuchi operando uma Linotipo num museu de Artes Gráficas na Alemanha.