Conheci Altair Martins no jornal Última
Hora, em 1963. Havia na oficina da U.H. duas linotipos modelo Cometa (Comet), a mais rápida das máquinas linotipos. Altair operava a
máquina n.º 2, uma Cometa e me designaram para trabalhar na máquina n.º 1, a
outra Cometa, que ficava ao lado da n.º 1. Trabalhando ao lado de Altair Martins passei a admirar o profissionalismo, a seriedade, a educação,
e a generosidade daquele rapaz, que poucos chamavam pelo nome,
preferindo o apelido carinhoso de ‘Lambari’.
Altair, craque do Guarani do Sacomã. |
Gordinho
bom de bola - Quando a Última Hora mudou do Vale do Anhangabaú para a
Alameda Barão de Limeira, sendo absorvida pela Folha de S. Paulo, continuamos a
trabalhar juntos e ainda nas máquinas Cometas, agora números 8 e 10, separados
apenas pela Cometa cujo operador era o Laerte Canil. A amizade com Altair aumentou, com a
diferença que ele agora casado e pai de dois filhos, se tornara uma pessoa
muito mais alegre. Triste apenas quando seu time do coração perdia, o que
acontecia quase sempre pois eram os tempos em que o Corinthians era chamado de ‘Faz-me-Rir’.
E por falar em futebol, houvesse uma bola rolando e Altair estava pronto para entrar
em campo e sempre em esplêndida forma. Seus visíveis quilos a mais enganavam a todos,
principalmente os adversários pois atuando pela ponta-direita, Altair deixava
para trás na velocidade e com dribles desconcertantes seus muito mais esbeltos marcadores. Para
comprovar esse fato bastava apenas ir aos domingos assistir aos jogos do
Guarani do Sacomã, bairro onde Altair residia.
Altair Martins com os amigos Aquiles Feliciano Afonso e Roberto Fonseca. |
Outros
empregos do ‘Lambinha’ - Na Folha de S. Paulo o apelido do Altair mudara pois os amigos mais próximos o chamavam de forma ainda mais carinhosa: ‘Lambinha’.
Após breve separação eu e Altair Martins voltamos a trabalhar numa mesma
empresa, a Imprensa Oficial do Estado e pouco tempo depois na Linotipadora Artestilo,
da qual Altair se tornou sócio. Altair Martins encerrou sua carreira como
linotipista no Diário do Comércio nos anos 80. Foi quando Altair passou a ter
problemas de coluna ficando impossibilitado de exercer nova atividade, isto até
decidir que era hora de voltar a estudar. O sonho de Altair era ser advogado,
mas se aproximando dos 70 anos e com a dificuldade de locomoção, o curso de
Direito era quase uma irrealidade. Certos obstáculos que parecem
intransponíveis para alguns, são superados pela tenacidade, estoicismo e uma inquebrantável vontade de alcançar o objetivo que nem todos possuem. E assim é Altair Martins que fez
o Vestibular para o Curso de Ciências Jurídicas na Anhanguera Educacional,
Campus ABC e hoje cursa os últimos semestres para se tornar Bacharel em Direito
e futuro advogado da área Trabalhista e Previdenciária após os exames da Ordem dos Advogados do
Brasil.
Altair Martins em plena sala de aula sensibilizado por uma entre tantas homenagens que recebe na faculdade. |
Quase
Dr. Altair Martins - Querido pelos professores e colegas
do Curso de Ciências Jurídicas, da mesma forma que era querido pelos amigos
gráficos, Altair Martins é um exemplo de superação que serve não apenas para os
jovens que o cercam na faculdade, mas também para os sessentões e setentões que
com ele trabalharam no passado. Hoje, dia 21 de outubro, data em que Altair Martins
comemora 71 anos, o blog LINO&TIPO o parabeniza com muito orgulho. E eu tenho orgulho ainda maior por ter sido seu companheiro como gráfico e ainda hoje tê-lo como amigo. O único
problema dentro de breve tempo será ter que chamar o sempre querido ‘Lambinha’ de Dr. Altair Martins.
Mas ele merece!
Darci Fonseca
Darci Fonseca
Texto publicado na página do Facebook da Anhanguera Institucional. |
Acima à direita gráficos da Folha de S. Paulo; abaixo gráficos da Imesp; na foto maior Altair Martins como meia-esquerda da Folha de S. Paulo. |
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