A Associação dos Trabalhadores Aposentados nas Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo - ATAIGESP - foi fundada no dia 27 de julho de 1985, comemorando, portanto, seu 30.º aniversário no dia de hoje. A edição de n.º 137 do informativo da associação publica uma resenha de todos os principais eventos da ATAIGESP, desde a data da sua criação, sendo lembrados ainda os trabalhadores gráficos que muito lutaram para que a associação se tornasse a realidade que é hoje. A matéria foi escrita por Carlos Alberto Pereira de Castro, o querido Castrinho, que desde aquela primeira reunião é um dos artífices da associação. Presidida atualmente por Roque Barbieri, a ATAIGESP recebe simpaticamente, em sua sede (no próprio Sindicato dos Trabalhadores Gráficos do Estado de São Paulo), todos os gráficos aposentados, seja para esclarecimentos, seja para matar a saudade dos bons tempos.
Lembranças dos tempos em que jornais e revistas eram feitos nas saudosas oficinas tipográficas - Editor: Darci Fonseca
27 de jul. de 2015
9 de jul. de 2015
JALECOS, UMA LEMBRANÇA DOS SAUDOSOS TEMPOS DAS LINOTIPOS
Uma empresa fornecer roupas de trabalho
a seus funcionários é atualmente uma obrigação, mas nem sempre foi assim. Em
áreas de produção em setores diversos da indústria, no século passado, a roupa
de trabalho – jaleco, avental, macacão – era quase sempre responsabilidade do
funcionário. Assim como a alimentação, transporte e assistência médica, o
trabalhador é quem arcava com os gastos extras com as roupas de trabalho. Com o
passar dos anos as empresas foram se organizando e fornecendo esse item
indispensável aos seus empregados. De modo geral, dentro do ramo gráfico,
linotipistas, ludlowlistas, paginadores e emendadores sujavam-se menos,
necessitando, quando muito, um jaleco para proteção da roupa do dia-a-dia.
Durante muitos anos os linotipistas trabalhavam usando camisas sociais e alguns
não dispensavam sequer a gravata. Já o pessoal da manutenção, formado por
mecânicos e limpadores de máquina, estes raramente escapavam de manter calça e
camisa próprias para o trabalho, caso contrário não ganhariam o suficiente para substituir
as roupas estragadas na oficina. Os macacões eram a melhor solução, mas nem
todos gostavam de utilizá-los.
Gráficos do jornal 'A Noite', nos anos 50. Linotipistas, entre eles José Mezzetti, elegantes em camisas sociais e engravatados. |
Funcionário gráficos do Correio Paulistano nos anos 50, vendo-se apenas um funcionário com um jaleco protetor. |
Linotipistas da Folha de S. Paulo em plena atividade e sem jalecos. Em destaque Carlos Alberto Pereira de Castro, o Castrinho. |
Quem passou por diversos jornais e pelas
chamadas ‘casas de obras’ nas décadas de 50, 60, 70 e 80 do século passado
certamente observou que algumas empresas eram mais organizadas que outras,
preocupando-se com o fornecimento de trajes apropriados para o trabalho a seus
funcionários. Assim era a Última Hora que fornecia jalecos cinzas. A Folha de S. Paulo,
durante um curto período também forneceu um jaleco verde a cada funcionário,
esquecendo-se da necessária reposição que não mais aconteceu. Pequenas
linotipadoras como a Godoy não economizavam nesse aspecto que denotava, antes
de tudo, organização. A confiança dos clientes aumentava quando observavam a
área de produção de linotipadoras mais organizadas com seus funcionários ‘uniformizados’
com jalecos personalizados. Os jalecos protetores era fornecidos pelas empresas
sem custo para os funcionários, cabendo a estes cuidar para que esses trajes
causassem boa impressão. Mas sempre havia um ou outro que não procedia à
lavagem semanal, utilizando o jaleco até que ele ‘se desmanchasse’ de tão sujo.
Dentre todas as empresas gráficas de São
Paulo, uma se destacava pelo cuidado com os trajes dos funcionários: o jornal O
Estado de S. Paulo. Quando o gráfico iniciava suas atividades naquela empresa
recebia um jogo com dois jalecos compridos, com mangas igualmente compridas e
confecionado em tecido da melhor qualidade. Um ano depois o funcionário recebia
outros dois jalecos, havendo muitos casos de linotipistas que chegavam a fazer
coleção de jalecos novos. Isso se explica porque a periodicidade de
fornecimento era obedecida com rigor e nem sempre em correlação com a
necessidade dos profissionais. Algo muito comum era gráficos mudarem de empresa
e usarem, por exemplo, o jaleco do jornal O Estado de S. Paulo em linotipadoras
e mesmo jornais que não forneciam esse tipo de proteção a seus empregados. Nas
fotos que abrem esta postagem podem ser vistos jalecos utilizados por
gráficos, dos saudosos tempos das linotipos.
À direita o famoso 'ex-libris' do distintivo dos
jalecos do Estadão.
À direita o famoso 'ex-libris' do distintivo dos
jalecos do Estadão.
Setor de linotipia da Empresa Folha da Manhã, nos anos 40 com os linotipistas mais parecendo redatores com suas alvas camisas sociais. |
Linotipia da Imprensa Oficial do Estado, ainda nos tempos da Rua da Glória, notando-se que nenhum linotipista usava jaleco. |
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